Monday, January 09, 2012

Saudade

今 私は すごく 寂しくて懐かしいです。
Ima watashi wa sugoku natsukashikute sabishi desu!!!

Ainda atordoada com o silêncio que me assalta a paz e respirando essa saudade pungente que paira no ar, olho ao meu redor e vejo os cômodos vazios. A mesa da sala que outrora estava cheia de vozes, comidas e risadas, agora está vazia... os futons, que antes estavam repletos de cobertores, travesseiros, ursinhos, carinhos, afagos e beijinhos de boa noite, agora estão vazios. Essas cenas indeléveis lancinam minha mente com sua doçura, machucam meu coração com sua candura e ferem impiedosamente minha alma com sua delicadeza. Ah... como eu amei e me entreguei nesses dias tão intensos. Amei e vivi sem medo, sem receio e sem reservas. Eu simplesmente não me importava com a profundidade, cor e perfume dessas memórias. Eu não fazia idéia de que elas tinham o poder de se tornarem tão vívidas, nítidas e palpáveis! Mas agora, essas memórias parecem ser tudo o que tenho no momento e eu não consigo as largar por nada. Ora estão no pijama que minha irmã usou, ora na caneca que meu pai segurou (como se fosse mais uma entre milhões), ora no cheiro do travesseiro que a minha mãe dormiu... E no desespero dessa saudade, eu me pego repetida e demoradamente cheirando o pijama, acariciando a caneca e abraçando o travesseiro. Ao sair de casa e percorrer cada caminho que fizemos juntos, não consigo conter a convulsão de lágrimas. Sinto um abismo no peito, um rastro vermelho de dor, um caminho de solidão. Procuro os olhos verdes e brilhantes da minha irmã que sempre estavam fixos em mim, mas eles já não estão mais lá! Fico esperando alguém me puxar pelo braço para comigo cantar, girar e saltitar pela rua, mas ninguém puxa meu braço. Então engulo a seco essa dor, tento me reacostumar com o silêncio, enxugar as lágrimas e seguir em frente. Não com o desprezo de quem finge, mas com o sorriso e a certeza de quem sabe que momentos melhores virão!

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida." (Clarice Lispector).

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