Ah... Fuji san...
(Foto que eu tirei da sombra do Fuji San quando cheguei no topo.)
Escalar o Monte Fuji foi uma experiência marcante. Naquelas 10 horas de subida e mais 5 de descida, tive tempo para pensar em muita coisa. De todas as escolhas que fiz por livre e espontânea vontade, essa, com certeza foi a mais árdua e gratificante que vivi. Se você tem dúvidas sobre subir ou não o monte Fuji, saiba que escalá-lo será a escolha certa se sua busca for por superação e auto-conhecimento. Porém, se você espera apenas mais uma experiência confortável e prazerosa, é melhor desistir dessa empreitada sem titubear.
O caminho até o topo
Para muitos a escalada ao Monte Fuji é só uma escalada, nada além disso. Mas para mim foi muito mais. Percebi que muitos ficavam só olhando pra cima e fazendo as contas para saber o quanto faltava para chegar. Na minha opinião quem fica só pensando no “topo”, acaba perdendo muito do que o caminho até lá tem pra ensinar. Eu não queria cair nesta tentação, por isso fiquei atenta a tudo o que estava a minha volta e procurei valorizar cada detalhe! O tempo todo eu procurava extrair algum tipo de reflexão daquela aventura toda. De repente, eu tinha olhos para ver e ouvidos para ouvir. Deus se revelou a mim de uma forma única e especial... Aliás, ele sempre se revela a todos àqueles que procuram entrar em sintonia com ele e, de quebra, transforma tudo aquilo que antes parecia um sacrifício, em uma deliciosa brincadeira.
Com as antenas ligadas
Cada momento eu podia vê-lo em um lugar diferente, era como se risadas ecoassem pelo ar e eu as tivesse que procurar. Tive a certeza de que não estava delirando quando a noite caiu e eu pude ver 3 cometas rasgando o céu!!! Fiquei emocionada e parei alguns minutos para reverenciá-lo. Passado o êxtase, perguntei eufórica se alguém também havia visto algum dos cometas e, para minha surpresa, ninguém havia visto! Infelizmente, ninguém estava dando muita boa pro céu. A subida era tão íngreme e mimada, que roubava a atenção de todos. Já eu, estava inebriada com aquele céu polvilhado por milhares de estrelas radiantes! Prova disso, é que meu marido chamava a minha atenção o tempo todo para não tropeçar. =P
Momento unhé
Chegou uma hora em que eu já não conseguia me ignorar, o ar rarefeito e o frio também não colaboravam. Cada passo avançado se convertia em uma vitória. Eu me sentia no limite, do limite e pensei: Não tenho mais nada pra dar, estou exausta, chega... Mas daí eu olhei pra baixo e com certa vertigem, vi tudo o que já havia percorrido... Que desperdício seria parar a esta altura! Nessa hora eu me lembrei de uma pregação em que o pastor dizia “Não importa como você começa, mas sim como você termina”, me animei.
Reta final
E quando enfim, chegamos na última rampa, a mais íngrime de todas, meu marido me deu a mão e, num ímpeto ilusório de força, tentamos subir a última subida. Mas estávamos tão esgotados que acabamos caindo inúmeras vezes. Apesar de sem forças nas pernas, ainda tínhamos muita força nos pulmões e foi com ela subimos a última subida (que mico!!!). Demos um urro tão forte e visceral, que quando terminamos, já estávamos lá: no topo do topo, na boca do vulcão! E foi de lá, que vimos o mais imponente nascer do sol - da minha vida. Enquanto ele nascia, eu podia ver a face de Deus resplendecendo com um carinho delicado em cada rosto que o contemplava. Não tinha como não aplaudir!
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DICAS PRÁTICAS PARA QUEM VAI SUBIR O MONTE FUJI
Pesos desnecessários causam dores desnecessárias. Carregue na mala apenas o que for usar. Alguns dias antes da escalada eu e meu marido pensamos e preparamos em todos preparativos. No fim, carregamos na mochila somente o que era essencial e imprescindível. Comida, apenas as que eram leves ou fonte de energia. Bebidas, 2 litros de água pelos menos para cada um e muitos isotônicos em gel. Eis aqui alguns dos itens que você DEVE levar na mochila quando for escalar o Monte Fuji:
- Moleton (a temperatura diminui conforme você vai subindo).
- Jaqueta impermeável (mesmo que não chova, no topo ela é vital).
- Cachecol (não subestime o poder dele).
- Toalha de rosto para secar o suor (amarrei a minha na cabeça).
- Luvas (não apenas por causa do frio - você também vai usar as mãos para escalar).
- protetor solar
- óculos escuros
- 2 litros de água (o ideal é que a mochila tenha uma mangueirinha conectada a uma bolsa de água. Assim você não precisa abrir a mochila quando quiser beber água).
- Chocolates e barrinhas com suplemento (seu corpo vai pedir muita energia).
- Carboidratos (um dia antes é bom comer uma boa macarronada e no dia levar pãezinhos e sanduíches).
- Frutas como banana e maçã saciam bastante e não te deixam “pesado”.
- Um rolo de papel higiênico ou uma caixa de tissue.
- Bebidas isotônicas em gel (dão sensação de saciedade e matam a sede mais que água).
- Bastões para auxiliar a subida (no meu caso ele foi mais útil na descida, já que as pernas ignoravam meus comandos).
Basicamente é isso o que levamos na mochila. Posso dizer que ficou na medida certa, nem mais, nem menos.
PONTOS DE ATENÇÃO:
- Não mate a sede! Aliás, não espere a sede chegar para beber água e quando beber, apenas molhe a boca. Se você matar a sua sede, depois ela vai matar você de vontade de ir no banheiro (que além de ser longe, custa em torno de R$4,00 por ida). Se você teimar em matar a sede, é melhor escalar o Fuji usando uma fralda geriátrica! Sério. O ideal é molhar a boca a cada 20 minutos pro corpo ir absorvendo a água e você não ficar com a bexiga explodindo no meio do nada e cercado de gente.
- Otimismo: Não reclame! Muitos subestimam a escalada e quando confrontados com a realidade, começam a se lamuriar. Se reclamar adiantasse né... o mundo estaria uma beleza! Mas reclamar só piora as coisas e, no caso, torna a escalada ainda mais penosa. Não tenha pena de si mesmo, siga em frente e quando se sentir tentado a reclamar, não seja previsível: Agradeça a Deus pela força de suas penas, pelo ar que você respira, pelo privilégio de viver essa aventura, pela paisagem, etc... e repita isso tudo todas as vezes que sentir vontade de reclamar.
- Contentamento: Fique satisfeito com o que você tem na mala, se você levar tudo o que eu falei acima, saiba que é suficiente. E, por favor, não fique se comparando com os outros e nem pense nas comidas que não estão na sua mala!!! Minha amiga ficava o tempo todo falando: “Ai pensa numa manga... ai pensa numa picanha... ai pensa numa lasanha!” Pela mooor né, eu tive que mandar ela fechar a matraca, caso tivesse algum tipo de apreço por seus queridos dentes. Convenhamos que fazer isso é autoflagelo! Coloquei na minha mente que se eu tivesse só um sanduíche ao meu dispor eu estaria feliz. Mas olha que beleza, eu ainda tinha água, chocolates, bebidas isotônicas e frutinhas. Um banquete! Quem aceita o que tem e procura estar satisfeito com a realidade em que se encontra, extraindo o melhor que ela pode oferecer ou, pelo menos, se esforçando para ver o lado bom dela, sofre menos.
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Com outros olhos
Se antes o Fuji San era uma incógnita para mim, hoje eu o vejo com outros olhos. Agora, toda vez que a gente se olha ele dá uma piscadinha pra mim e eu devolvo com um sorrisinho discreto. Esse novo olhar que ganhei foi o olhar de quem precisava empreender uma escalada dentro de si mesma e percorrer certas distâncias interiores para chegar a algumas conclusões. Uma das coisas práticas que aprendi é que nossas emoções mentem e não devem guiar nossos passos. Vale a pena perseverar com fé, mesmo em meio à mais profunda dor ou exaustão. Não subestime a força que há em você, mesmo quando parece que você chegou no seu limite. Você sempre vai ter algo bom para dar e também para receber. Coisas maravilhosas anseiam por se revelar a nós no começo, meio e fim da jornada. Basta termos olhos para ver e ouvidos para ouvir!
Obs: Dizem por aqui, que temos de fazer essa escalada três vezes na vida. Uma para buscar felicidade, outra paz e outra dinheiro! Mas eu conheço uma outra versão que diz: “Quem sobe o Monte Fuji uma vez é um sábio, mas quem sobe duas, é um idiota.” Eu fico com a segunda opção. Não acredito nos poderes da montanha, mas sim no poder de quem a fez.
4 Comments:
Nuossa Mo, amei o seu post...lembrei -me de qdo criança eu vivia desafiando os buracos como tatu...fazendo escaladas no morro perto de casa... adorava aventura ....
hoje vivo outras aventuras...rs
fico feliz por vc e ver como Deus tem te comtemplado , realmente é privilégio somente de quem o reconhce como Senhor e Salvador.
Continue firme , minha querida,qdo perceber que lhe falta forças , clame a Ele ...
Goze do mais belo , das alegrias que Ele te proporciona, mas não seja egoista, divida com o teu proximo....
ensine o mundo ao teu redor a olhar para o criador e não para a criatura... a adora-lo.
o mundo geme por este amor...
TE AMO ....
bjs sua maminha....
ésta é apenas uma das inumeras aventura que virao....
wow, 10 horas de subida?! que loucura, imagino como foi dificil, mas deve ser maravilhoso chegar no topo e ver o sol nascer! que sonho!!!
Experiência para guardar pro resto da vida, né minha lindinha? Que tal subirmos outra vez???? Brincadeirinha!!!!
Te amo pra sempre e sempre. Amor da minha vida.
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