O Japão está uma sauna, gente!

Toda vez que falo com alguém no Brasil, a primeira pergunta eu sempre sei qual é: “E aí Monique já se adaptou aí no Japão?” “Sim, sim... tô tirando de letra”, eu respondia... Afinal, quem não se adapta a um país de primeiro mundo, com pessoas extremamente fofas, solícitas e educadas, cidades lindas, limpas e seguras, onde as crianças vão sozinhas para a escola e os velhinhos saem aos montes para andar tranquilamente nas ruas de bicicleta? Aiai... sim, eu havia me adaptado - de verdade - até conhecer o verão... hunf.

O verão japonês
Eu já tinha ouvido falar que no Japão o verão é intenso, mas confesso que pensei: “Ah, eu sou friorenta e até no calor do Brasil eu andava de casaquinho, então não vou sofrer, UFA.”... Ledo engano, baby. Mas como eu sei que reclamar não vai melhorar o clima aqui, então todo dia de manhã eu faço um exercício mental tentando alcançar a ataraxia suprema do espírito impertubável da alma em vez de bradar: “ÔH, Meu santo Onofrino, que calor do agreste é esse?” É difícil, eu sei, mas eu me esforço. É tão difícil que até meu corpo começou a gritar por mim em forma de brotoejas...snif.

Teste de resistência
Enquanto os japoneses fazem de tudo para não sair de casa e bebem 50 litros de água a cada 15 minutos eu não tenho muita escolha, tenho que encarar diariamente uma média de 12Km na bicicleta com os olhos semi-fechados e maxilares super contraídos. Eu já tentei pedalar sem fazer careta, mas não dá... já cantei hinos alegres (baixinho) na bicileta e cheguei a repetir mil vezes que calor é psicológico, mas nada disso amenizou meu sofrimento. Cheguei suando bicas como sempre, com o cabelo todo molhado e a roupa ensopada pra variar. Ah... não tentem imaginar meu estado deplorável ao final da peregrinação, ok, pois até eu fico com dó de mim! Em apenas 1 dia em consigo suar tudo o que não suei nesses 23 anos no Brasil. Até as senhorinhas fofas ficam comovidas com o meu estado e sempre tentam me motivar dizendo: “Menina novinha né, cheia de saúde, né!Gambateeee.” Eu dou um sorrisinho sem graça pensando no quanto essas senhoras dão um show de resiliência e disposição em mim. Quem sabe um dia eu não alcance esse o nível delas, néh?!

Convivendo com o calor
Minha mãe sempre me ensinou que quando não temos poder para mudar uma realidade, mudamo-nos a nós mesmos tentando controlar a forma como lidamos com a tal situação, que na maioria das vezes é dura e implacável. Exemplificando: Sabe aquela pessoa escrota do seu trabalho que te enche a paciência, mas você não pode mudá-la e nem ao menos matá-la, então conclui que precisa coexistir com ela? Então, o Verão japonês é tipo essa pessoa! E chega a ser engraçado ver os malabarismos que os japoneses fazem para coexistir pacificamente com o calor (não duvido nada que os altos índices de suicídio ocorram principalmente no verão – brincadeira).

Uma sauna a céu aberto
Como falei, não adianta escapar do calor nipônico, ele está em todo lugar. Exemplo disso é que, após eu ter tomado um banho ULTRA gelado, não chegou nem a passar 30 segundos e eu já estava toda suada, melada e pegajosa novamente -_-“. O calor é tanto que 99% dos japoneses andam o tempo todo com uma toalhinha na mão para secar o suor. Não obstante, eles também usam uma espécie de cachecol de plástico em volta do pescoço com gelo dentro. Não é uma coisa bonita de se ver, mas com esse calor ninguém pensa em beleza, apenas em sobrevivência. Ganha aquele que estiver melhor parafernalizado protegido. Preciso de uma burca e uma banheira de gelo já!

Ainda bem que tudo nessa vida passa, até a uva!
AFF =B