Friday, January 09, 2009

Liberdade e Amor

O Deus que não se vulnerabilizou à possibilidade de ser rejeitado não ama. E o Deus incapaz de amar não é bíblico. Ninguém pode sujeitar o ser que ama com o intuito de conquistar seus afetos. O ser amado precisa sentir-se livre para mudar, rejeitar ou sumir; e que, se eu lhe ofereço a minha afetividade, sofrerei pelas suas escolhas. A pessoa amada permanece livre para mudar, rejeitar-me e infrigir-me. De fato amar é oferecer-se desprotegido à dor (segundo Freud). Quem ama com amor infinito corre o risco de sofrer uma dor infinita. O amor infalível não é amor. A dor é a outra face do dom de si mesmo, sem reservas, gratuito, como é todo amor verdadeiro. Quem acredita que pode exigir de Deus uma criação onde o amor seja infalivelmente feliz, pretende um amor sem um dom de si, isto é, um não amor, um egoísmo onde a pessoa a quem digo amar se converte em instrumento determinado e cego, sem a capacidade de expressar livremente seu ser.

(Ricardo Gondim.)

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