Elogio ao escritor
O escritor é um desalmado que ciranda com os sentimentos alheios. Para escrever de verdade, nunca cogita o estrago que possa causar. E quando pensa no bem que possa espalhar, considera-se incapaz. Os escritores são sovados – não conheço nenhum que não tenha apanhado dos mentores, passado fome e levado bordoada da vida; se não usa sangue para desenhar as palavras, o texto nasce como pintinho de incubadora, bastardo e predestinado a morrer cedo.
O escritor é um desvairado. Suas divagações, personagens, mundos, não passam de maluquices. Mas que maluquices! De onde ele imagina o que imagina? Quem lhe deu o faro fino para narrar as contradições da alma humana? Por que suas histórias parecem reais?
O escritor é um porta-voz do sobrenatural. Não é possível que não haja pacto escondido, eleição misteriosa, galardão suspeito, por detrás das melhores literaturas. Todo o escritor é possesso por forças estranhas; aliás, estranhíssimas. Esse deve ser o motivo de tanta perseguição aos livros. Eles não servem aos interesses de quem não quer abrir mão do poder. Os livros queimados, os “nihil obstat”, os “imprimatur", atestam o perigo da página impressa, copiada, datilografada, mimeografada, digitalizada, faxeada, imeilizada.
O escritor é um solitário asceta, um anti-social. Parente de faquir, trapista, anacoreta, não considera que deserto seja uma privação. Adora o silêncio. Vive de reclamar dos dias ensolarados e alegra-se com nuvens escuras para trancafiar-se. Geralmente responde com monossílabas e não tolera alongar conversas que não sejam profundas.
O escritor é um hipnotizador. Seu poder de sedução é maior do que um encantador de ninja. É mágico também, sempre a ludibriar críticos. Quem tal, um bruxo que enfeitiça com palavras? Talvez, um padeiro que transubstancia carne em pão.
O escritor é um profeta. Docente do céu, interprete de oráculos, só ele constrói ponte entre o mundo que jaz no pó e a eternidade que resplandece no além. Mesmo quando escreve na areia, suas palavras não passarão; alguém há de talhá-las na tábua do coração.
(Ricardo Gondim.)
O escritor é um desvairado. Suas divagações, personagens, mundos, não passam de maluquices. Mas que maluquices! De onde ele imagina o que imagina? Quem lhe deu o faro fino para narrar as contradições da alma humana? Por que suas histórias parecem reais?
O escritor é um porta-voz do sobrenatural. Não é possível que não haja pacto escondido, eleição misteriosa, galardão suspeito, por detrás das melhores literaturas. Todo o escritor é possesso por forças estranhas; aliás, estranhíssimas. Esse deve ser o motivo de tanta perseguição aos livros. Eles não servem aos interesses de quem não quer abrir mão do poder. Os livros queimados, os “nihil obstat”, os “imprimatur", atestam o perigo da página impressa, copiada, datilografada, mimeografada, digitalizada, faxeada, imeilizada.
O escritor é um solitário asceta, um anti-social. Parente de faquir, trapista, anacoreta, não considera que deserto seja uma privação. Adora o silêncio. Vive de reclamar dos dias ensolarados e alegra-se com nuvens escuras para trancafiar-se. Geralmente responde com monossílabas e não tolera alongar conversas que não sejam profundas.
O escritor é um hipnotizador. Seu poder de sedução é maior do que um encantador de ninja. É mágico também, sempre a ludibriar críticos. Quem tal, um bruxo que enfeitiça com palavras? Talvez, um padeiro que transubstancia carne em pão.
O escritor é um profeta. Docente do céu, interprete de oráculos, só ele constrói ponte entre o mundo que jaz no pó e a eternidade que resplandece no além. Mesmo quando escreve na areia, suas palavras não passarão; alguém há de talhá-las na tábua do coração.
(Ricardo Gondim.)
1 Comments:
Que belo texto!!!
Fazia um bom tempo que não vinha aqui, peço desculpas pelo desleixo, esses ultimos tempos foram difíceis!
Tá tudo bem com vc?
Bjos
Ly
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