Wednesday, July 16, 2008

Escultura

Toma-me em tuas mãos, faz de mim o que quiser. Ofereço a ti tudo o que sou. Rendo-me por inteiro aos teus encantos. Eu sei que doerá muito mais em mim e também sei que será difícil para nós dois. Mas eu confio totalmente, plenamente, cegamente. Porque você, só você sabe bem como me domar. Diga-me, que outro destino teria eu a não ser estar abandonada pelo resto da vida à minha rude e impenetrável natureza? Os que passam por mim, enxergam com clareza toda a minha insignificância, mas o teu olhar atento enxerga muito além. E eu já não sou mais eu, nasci para ser sua. Por isso não questionarei a dor e o peso de cada martelada, nem a aspereza do teu polimento. Pois sei que só assim nos descobriremos. E mesmo que eu não diga nada a ninguém, todos saberão quem me fez assim. Por que por mais enigmático, misterioso, indecifrável e complexo que possas parecer, és inconfundível. Tu és meu escultor e eu sou a tua pedra.

Mas agora tenho a tua marca em mim, Deus meu.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

"E eu já não sou mais eu, nasci para ser sua. Por isso não questionarei a dor e o peso de cada martelada, nem a aspereza do teu polimento."

Essa aceitação, só os santos possuem.

Lindo texto!

5:24 pm  
Blogger Unknown said...

Que entrega, que amor...invejavel!
Esse é o texto mais lindo que já li.
Me apaixonei por ele a primeira vista

3:09 pm  

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