Teria sido diferente?
Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo ao meio: pois quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, um lenço esquecido numa gaveta, uma camisa jogada na cadeira ou uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada... e que esse nada fosse áspero como um tempo perdido.
(Caio Fernando Abreu.)
(Caio Fernando Abreu.)
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