Wednesday, November 07, 2007

Somewhere Over The Rainbow

Quando Sidarta nasceu, profetizaram a seu pai que seu filho dominaria o mundo ou renunciaria a ele, duas coisas de qualquer forma opostas. Ele renunciaria se conhecesse as misérias e o sofrimento do mundo. O pai queria impedir que isso acontecesse e, portanto, tentou proteger o filho do mundo fora do palácio – ao mesmo tempo em que o cercava de toda a sorte de alegrias e divertimentos.

Mas Sidarta não se contentou com sua protegida existência de príncipe: diante dos muros do palácio ele vira um ancião, um doente e um cadáver putrescente...

O encontro com o ancião corcunda mostrou a Sidarta que a velhice é um destino do qual ninguém escapa. A visão do doente em sofrimento o fez questionar se seria possível estar a salvo da doença e da dor. E o cadáver lembrou ao jovem príncipe que todas as pessoas um dia morrerão e que mesmo o mais feliz dos homens está sujeito à transitoriedade da vida.

Depois dessas experiências desoladoras, Sidarta encontrou um asceta com uma expressão feliz e radiante. Esse encontro o fez concluir que a vida em meio à riqueza e ao prazer era vazia e sem sentido.

Então ele se perguntou: existe alguma coisa neste mundo que esteja a salvo da velhice, da doença e da morte?

Sidarta estava tomado de compaixão por seus semelhantes e sentiu-se predestinado a mostrar aos homens uma saída para a dor. Mergulhado profundamente em seus pensamentos, ele voltou ao palácio e, ainda na mesma noite, renunciou à sua agradável vida de príncipe e decidiu por uma vida errante.

Depois de seis anos peregrinando como um asceta, Sidarta sentou-se ao pé de uma figueira às margens do rio Neranjara. E aqui – aqui ele viveu o seu “despertar”. Após viver trinta e cinco anos como um sonâmbulo, Sidarta descobriu que o sofrimento no mundo é causado pela sede de viver.

E aqui eu me pego a pensar o quanto as pessoas têm vivido alienadas em suas gaiolas douradas da satisfação, protegidas do sofrimento, da morte e do conhecimento. Também elas não têm vivido sonâmbulas e entorpecidas?

Eu sei que nem tudo no mundo é sofrimento, porque tudo está sujeito à lei da transitoriedade. Mas existe algo mais. Algo eterno, duradouro. Algo acima do falso brilho deste mundo, muito acima do tempo e do espaço. Algo que apenas pode ser alcançado por aqueles que conseguem sufocar totalmente sua sede de viver neste plano tão raso.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Do texto:

A vida entorpecida é mais fácil, por isso uns o fazem literalmente, e sabem, e a maioria ignora até mesmo essa sua realidade.

Mas alcançar a iluminação exige alguns... requisitos... que nesse momento nem todos possuem.

Da menina:

Voce nao sabe o susto que levei quando vi a foto da cosmic girl. Se eu não fosse avesso a linguajar chulo, o usaria :P

Que bom que se mostrou novamente :) Happy happy.

10:55 pm  
Blogger Ana Nogueira Fernandes said...

a beleza está em tudo.
e não, eu não estou sofrendo e chorando pelos cantos ehehe
aquele post foi só um grito do meu silêncio.. sei lá.

beijos.

2:01 am  
Anonymous Anonymous said...

Uau, belíssimo texto!
Qual é a fonte? Informação relevante =)

"Após viver trinta e cinco anos como um sonâmbulo, Sidarta descobriu que o sofrimento no mundo é causado pela sede de viver."

Eu concordo plenamente... É tanta a vontade de experimentar tudo, viver intensamente que a vida acaba sendo meio sem sentido.

Muito legal.

Seu blog é ótimo! Ainda bem que voltou hehehe
Volte sempre ao meu, ok?

Beijos!

8:50 am  

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