Monday, September 17, 2007

Os Fins Justificam os Meios?

Não existe comunicação sem organização, mas só a organização não basta. Por mais que você domine o vocabulário, as estruturas e as regras gramaticais, nada disso terá brilho sem uma mente sensível e criativa. Mas uma mente brilhante que não se submete à tais normas correrá o risco de ser um potencial mal-utilizado ou perdido. E é exatamente por este motivo que Kubrick dizia que uma história só poderá ser filmada se for bem pensada ou bem escrita.

Mas em um filme publicitário, as coisas são bem diferentes. Há um imperativo que os rege universalmente. E a ordem é pura e simplesmente vender. Não basta ter um roteiro detalhado, estruturado, bem organizado e brilhante. Tem que vender, saca? Manipular mesmo, pegar pesado.

Não é um discurso aberto, daqueles que você interpreta como quer, que é o que sentimos quando vemos um quadro, ouvimos uma música, lemos um livro ou assistimos um bom filme. Na propaganda a arte é pretexto pois toda propaganda é um discurso fechado que te move a pensar o que eles querem, do jeito que eles querem e como eles querem.

E para isso meu amigo, técnicas não faltam. Hiltler é um bom exemplo de quem aplicou tais técnicas com primor, mas isso não vem ao caso.

Bom, o que se faz é “quase” (para ser boazinha) uma lavagem cerebral. Salve o neuromarketing que sonha em criar zumbis programados para comprar. Salve a ciência, que tantas vezes mal-intencionada, insiste em mapear o cérebro humano e salve a nanotecnologia – uma das divas principais, responsável por aproximar dia após dia este sonho da nossa realidade!


CRIANDO

Existe todo um ritual perverso por trás e ele começa com o briefing. O Briefing descarta alguns caminhos e se atém a outros para que não se perca tempo com coisas inúteis. É preciso ir logo ao que interessa, coletar dados sobre o produto em questão e garimpar preciosas informações sobre o cliente.

Tudo isso é estudado de maneira diligente e esquematizado de um jeito extremamente frio e calculista. Afinal é muita grana pra muito pouco tempo. A bagaça é feita por encomenda e pior, tem prazo de entrega! Vixe, tem que fazer valer o investimento, né? Então... qual seria o meio ideal para fazer catalisar e reverberar o efeito dessa bomba, causando o impacto desejado e permitindo assimo desfrutar de um vultuoso recall (eufemismo, vulgo-grana)?

Sem sombra de dúvidas, a Tv. Ela reina soberana dentre os outros meios. E é tão somente ela que possui o alcance e a influência necessários para ditar comportamentos, formar opiniões, substituir as redes interpessoais e hipnotizar.

A Tv é uma professora corrompida que deu lugar ao ibope.


“RESPEITÁVEL” PÚBLICO

O espetáculo que surge diante de seus olhos é apenas a pontinha do iceberg que oculta uma cadeia de ligações e sistemas estrategicamente tecidos, organizados e fundidos para que tudo ocorra da maneira mais leve e despretensiosa possível.

A maquiagem tem esse poder, fingir que é natural o que não é. O espetáculo é uma maquiagem mental. Ao contemplar a bela face dos comerciais você nem imagina os artifícios que existem por trás!

Tudo começa com uma idéia central (intenção) e tudo se converge para ela. O comercial deve ser uma defesa desta idéia (intenção). Ele pode se apresentar em diferentes gêneros, estilos, formatos e formas.
Isso é o de menos, o que vale é funcionar. Não importa se você gosta ou não, acha bonito ou feio. Tem que funcionar. Just do it, ok?

Essa idéia onírica não existirá sem um conflito fundamental - que pode ser chamado de Plot. E o Plot não existirá sem um ponto de virada. O Ponto de virada é o momento homérico. É quando surge a solução, o herói, o salvador! Resumindo: o produto/marca.

Ao serem ministradas de maneira ortodoxa, as propagandas visam remover por meio de seu doce e suave feitiço toda a camada de resistência e razão. Nessa hora todos os ardis são válidos, não se engane! Os fins justificam sim, os meios.

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