Thursday, April 05, 2007

Juventude

Agora que já estou bem velhinha vou aproveitar para fazer tudo àquilo que sempre quis!

Vou aproveitar este tempo que me resta e fazer tudo o que sempre tive vontade. Dedicarei minha vida à tudo o que mais amo. Passarei a maior parte do meu tempo escrevendo, pintando e costurando, sem culpa! Também poderei fazer àquela faculdade que tanto sonhei e me aprofundar em todos os estudos que nunca se encaixariam nesse capitalismo selvagem.

Terei tempo suficiente para fazer ginástica, plantar flores, cuidar dos meus bichinhos e desenvolver todas as habilidades que àqueles tempos tão corridos me privaram.

As rugas já fincaram seu lugar cativo em minha pele, não tenho mais para onde fugir. Não dá mais pra esconder, agora sou livre e posso ir a todos os lugares sem me preocupar, sem me sentir julgada... afinal, quem liga para uma velha cheia de rugas?

Quando jovem, eu vivia como se fosse viver para sempre! Não parava para pensar na fragilidade da vida. O tempo para mim era sempre muito farto e abundante, eu nem o via passar. Como mortal cheia de medos, aterrorizava-me de tudo, mas desejava tudo como se fosse imortal.

Queria chegar aos cinqüenta para refugiar-me na natureza e aos sessenta desejava estar livre dos encargos cotidianos... Projetava minha realização pessoal para um tempo muito remoto.

Naquele ilusório presente o importante era ganhar muito dinheiro, ser uma profissional bem-sucedida e esbanjar status. Passei anos da minha vida correndo atrás do vento que me trouxe até aqui.

De fato estou livre de todas as maquiagens mentais, fardos e cabrestos da vida. Finalmente cheguei aonde tanto queria! Posso ver claramente como tudo nesta vida é vaidade e aflição de espírito. Já tenho sabedoria suficiente para não levá-la tão à sério. Mas agora é tarde... não tenho saúde.

Envergonho-me de ter reservado para mim apenas as sobras da vida e destinar à meditação esta idade que já não serve para nada. Tarde começo a viver... justo agora que é hora de partir.

Mais do que nunca sinto o cheiro da morte a me sondar e ele me enche de encanto pela vida. Bebo cada dia até a última gota, rio e choro como uma criança, canto alto e falo “bom dia” para todos na rua.

Não tenho nada a perder.

5 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Meo Deos Monique!!! Só hoje que eu consegui, finalmente, abrir essa janelinha dos comentários do seu blog!!! Tentava, tentava e NADAA!
=]

***
Lendo este texto, lembrei das palavras de Salomão, sobre a vaidade da vida.
Nós corremos tanto, né? Temos tantos planos, atividades e horários a cumprir que corremos o risco de esquecer aquilo que é essencial na vida.

Nada é tão certo na vida, como o fato de que um dia morreremos. E tem gente que ainda vive como se fosse imortal...
Vc me fez lembrar de Sêneca, em A Brevidade da Vida.

Não quero reservar apenas as sobras da vida para plantar flores, rir e chorar como criança, privilegiar Pessoas, amar até a última gota, perseguir meus sonhos, etc...
Isso é algo mto mto importante MESMO!!!

Não. Não quero começar a Viver com Sabedoria apenas quando a Velhice bater à minha porta e o cheiro da morte passear no meu canteiro.

"Afasta pois do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor, porque a juventude e a primavera da vida são vaidade". [Ec. 11.10]

Beijosss =******** Tava com saudades de comentar aqui!

http://kaya-barros.blogspot.com

5:08 pm  
Anonymous Anonymous said...

Obrigada por me lembrar de viver a vida. Feliz Páscoa.

10:55 pm  
Blogger Unknown said...

Oi minha princesinha,
Vamos viver juntinhos para sempre aproveitando cada momento de nossas vidas.
Te amo muito pra sempre. Beijos do seu Nana.

5:31 pm  
Anonymous Anonymous said...

Maturidade né?

12:31 pm  
Blogger Mary Jane said...

virei fã do seu blog.
você escreve como eu mais gosto, com as artérias.

beijo,

dani

5:38 pm  

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