Espectro embalsamado
Ser fotografado parece algo tão simples, mas é muito mais complexo
do que imaginamos pois quando nos percebemos como sendo objeto
de interesse e vislumbramos uma máquina voyerista ao longe, logo
nossa consciência nos avisa e então passamos a nos comportar de
maneira diferente. A fotografia cria uma transformação ativa em
nossos corpos, metamorfoseamo-nos antecipadamente em imagem!
Fazemos com que nossa existência dependa do fotógrafo pois
acabamos por viver a angústia de uma filiação incerta. Quando
minha figura nascer, serei eu um indivíduo antipático ou distinto?
Terei um ar nobre ou pensativo? Queria que me fosse captada
uma textura moral fina... mas no meu interior, não sei como agir
sobre a minha pele.
Estamos todos condenados à fotografia, que pensa agir bem, a
ter sempre uma cara: meu corpo jamais encontra seu grau zero.
Presto-me portanto, ao jogo social, poso... mas este suplemento
de imagem não altera em nada a essência preciosa de meu
indivíduo que sou, fora de toda efígie. Meu “eu” profundo não
há de coincidir com esta imagem pesada, imóvel e obstinada em
que a sociedade se apóia.
Diante da objetiva, sou ao mesmo tempo: aquele que me julgo,
aquele que eu gostaria que me julgassem, aquele que o fotógrafo
me julga e aquele que serve para exibir a sua arte. A foto-retrato
é o espartilho de minha essência imaginária, um campo cerrado
de forças. Um verdadeiro distúrbio de propriedade onde sou
advento de mim, onde quatro imaginários se cruzam, se afrontam
e se deformam.
Não paro de me imitar e a cada vez que me faço ou permito-me
fotografar, sou tocada por uma sensação de inautenticidade onde
meu ser é questionado. Imaginariamente a fotografia representa
esse momento muito sutil em que não sou sujeito, nem objeto.
Mas um sujeito que se sente tornar-se objeto.
Vivo então uma microexperiência da morte,
torno-me verdadeiramente espectro...
do que imaginamos pois quando nos percebemos como sendo objeto
de interesse e vislumbramos uma máquina voyerista ao longe, logo
nossa consciência nos avisa e então passamos a nos comportar de
maneira diferente. A fotografia cria uma transformação ativa em
nossos corpos, metamorfoseamo-nos antecipadamente em imagem!
Fazemos com que nossa existência dependa do fotógrafo pois
acabamos por viver a angústia de uma filiação incerta. Quando
minha figura nascer, serei eu um indivíduo antipático ou distinto?
Terei um ar nobre ou pensativo? Queria que me fosse captada
uma textura moral fina... mas no meu interior, não sei como agir
sobre a minha pele.
Estamos todos condenados à fotografia, que pensa agir bem, a
ter sempre uma cara: meu corpo jamais encontra seu grau zero.
Presto-me portanto, ao jogo social, poso... mas este suplemento
de imagem não altera em nada a essência preciosa de meu
indivíduo que sou, fora de toda efígie. Meu “eu” profundo não
há de coincidir com esta imagem pesada, imóvel e obstinada em
que a sociedade se apóia.
Diante da objetiva, sou ao mesmo tempo: aquele que me julgo,
aquele que eu gostaria que me julgassem, aquele que o fotógrafo
me julga e aquele que serve para exibir a sua arte. A foto-retrato
é o espartilho de minha essência imaginária, um campo cerrado
de forças. Um verdadeiro distúrbio de propriedade onde sou
advento de mim, onde quatro imaginários se cruzam, se afrontam
e se deformam.
Não paro de me imitar e a cada vez que me faço ou permito-me
fotografar, sou tocada por uma sensação de inautenticidade onde
meu ser é questionado. Imaginariamente a fotografia representa
esse momento muito sutil em que não sou sujeito, nem objeto.
Mas um sujeito que se sente tornar-se objeto.
Vivo então uma microexperiência da morte,
torno-me verdadeiramente espectro...
1 Comments:
é realmente um desafio comentar aqui!sabia q as vezes parece q vc faz de propósito? rs*
vc instiga!
fazia tempo q eu não comentava...acho q tava esperando juntar idéias!
eu sempre me acho em pelo menos uma junção de palavras perdidas no meio do seus textos!
hj não vou dizer onde me enquadro!
estou esperando ansiosamente pelo momento em q nós vamos discordar!
vc entende perfeitamente oq eu entendo!
bjo.
obs:o seu desenho de 5 min. é um luxo!
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